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Foto: Deposit Photos.
A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), se uniu ao NetLab, um laboratório de estudos de internet da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para mapear e monitorar campanhas falsas de publicidade que afetam o consumidor nas redes sociais.
Com financiamento de R$ 1,9 milhão, os dados são coletados ao longo de um ano a partir da ferramenta de transparência da Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp.
A expectativa é que o estudo sirva para embasar a criação de políticas públicas que visam proteger o consumidor on-line.
"Apontamos como atores nocivos agem de forma coordenada para anunciar em plataformas digitais, apropriando-se da credibilidade destas marcas para aplicar golpes e causar danos materiais e morais nos consumidores brasileiros", destacou Marie Santini, diretora e fundadora do NetLab, à Folha de S. Paulo.
O laboratório ressalta que, hoje, a maior parte do lucro das plataformas vem da publicidade e, diferente de outras mídias, como a televisão, os anúncios que circulam nas redes sociais não podem ser auditados.
"Os anúncios são entregues de maneira extremamente personalizada por sistemas algorítmicos opacos, que funcionam a partir da perfilagem (definição de perfis como idade, renda e interesses) e da predição dos comportamentos dos usuários, explorados por anunciantes tóxicos e nocivos", diz Santini.
Nesse cenário, a propagação dos anúncios seria similar à de notícias falsas, com a exceção de que essa tem como objetivo simular sites oficiais e ofertar produtos inexistentes para ter o aos dados pessoais e bancários do usuário.
Até o momento, pelo menos dois procedimentos da Senacon já contaram com o auxílio do NetLab em 2023.
Um deles resultou na determinação da remoção de anúncios falsos referentes ao Desenrola Brasil, programa de renegociação de dívidas do Governo Federal, nas redes sociais da Meta e no Google.
Neste caso, foram mais de 1,8 mil propagandas feitas no Facebook por 115 anunciantes e 46 sites, que direcionavam o consumidor a domínios falsos. Nesses portais, o usuário acreditava estar na plataforma oficial do Ministério da Fazenda, sendo estimulado a realizar o pagamento da dívida.
Em outro, a secretaria determinou a remoção de conteúdos falsos relacionados ao Voa Brasil, programa de subsídio de agens aéreas do governo federal que ainda não foi lançado oficialmente e cujas regras estão em discussão.
Segundo a Senacon, os fraudadores solicitavam dados e pagamentos dos usuários mediante anúncios monetizados nas plataformas digitais da Meta e do Google.
Os sites falsos levavam os consumidores a crer que o programa está ativo, embolsando pagamentos falsos.
Segundo o Kantar Ibope, o mercado de anúncios on-line vale R$ 32,4 bilhões.
Criado em 2013, o NetLab é formado por pesquisadores, graduandos e pós-graduandos da UFRJ, que possuem como objetivo promover pesquisas sobre os usos sociais das tecnologias de informação e comunicação e seus impactos na sociedade e na cultura humana.