
José Orlandini, CEO Global da Sonda. Foto: Divulgação
A Sonda acaba de abrir uma operação em Dallas, nos Estados Unidos, focada em atender clientes presentes no país, assim como empresas americanas de médio e grande porte.
Em nota, a multinacional chilena revelou ter um orçamento de US$ 200 milhões para viabilizar a nova operação, mas não chegou a dar detalhes sobre o destino do dinheiro a ser investido, ou o prazo no qual o investimento será feito.
Em todo caso, se trata de uma quantia significativa para a Sonda, que fechou 2021 com um faturamento de US$ 1 bilhão, uma alta de 15% frente ao ano anterior.
A entrada no mercado dos Estados Unidos também marca uma virada estratégica para a Sonda, cuja atuação até agora era focada totalmente na América Latina.
A empresa tem presença direta na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Peru e Uruguai.
O principal mercado hoje é o Chile, com mais da metade do total (US$ 601 milhões), seguido do Brasil (US$ 250 milhões) e o México (US$ 45 milhões). Todos os outros países somados ficam em US$ 180 milhões.
Por muito tempo, o Brasil foi o principal alvo da expansão internacional da Sonda, que fez uma série de aquisições no país, incluindo nomes de peso como Procwork, em 2007, ou a CTIS, em 2014, negócios que juntos somam R$ 715 milhões.
A participação do Brasil dentro do total era muito mais significativa, tendo chegado a 62% em 2012, quando o faturamento também ficou na casa de US$ 1 bilhão.
O mercado brasileiro seguiu por anos como o mais representativo dentro da Sonda, apesar de ir perdendo representação aos poucos.
De uns tempos para cá, o faturamento da empresa no país tem viajado numa montanha russa. O crescimento em 2021 foi de 1,5%. Em 2020, o resultado foi uma queda de 21,3%.
Uma parte importante dos problemas tem que ver com a desvalorização do real frente ao peso chileno, a moeda na qual a Sonda reporta seus resultados na bolsa de valores de Santiago.
No resultado de 2020, por exemplo, metade da queda se deveu aos problemas cambiais. A moeda brasileira foi a sexta mais desvalorizada do mundo no ano, com uma perda de valor de 22,4%, segundo dados da Austin Rating.
Outra parte dos problemas é interno. No ano ado, a Sonda nomeou um novo CEO para o Brasil, no que parece ser uma virada de rumos.
Ricardo Scheffer, um profissional com 20 anos de Sonda, substituiu Affonso Nina, um executivo de mercado trazido em 2017 para ocupar o cargo e simplificar a estrutura interna da empresa.
Com a ida para os Estados Unidos, a sede chilena sinaliza que busca outros motores de crescimento. O mercado americano é sozinho 40% do gasto de TI do mundo.
O plano é alavancar a mão de obra na América Latina, onde a empresa tem 13 mil funcionários (6 mil deles no Brasil), gerando faturamento em dólar num mercado de ponta.
“Nossa estratégia se concentrará em identificar um nicho específico de clientes, que tenham operações nos EUA, que valorizem nossos serviços e soluções e que busquem criar um hub de serviços compartilhados aproveitando nossa presença em todo o continente”, afirma José Orlandini, CEO Global da Sonda.
O Texas, estado onde a Sonda vai fundar a subsidiária Sonda USA, se tornou nos últimos tempos um ímã para o setor de TI.
No final de 2020, por exemplo, a Oracle anunciou que iria transferir a sua sede de Redwood Shores, na Califórnia, para Austin.
O anúncio da Oracle aconteceu duas semanas depois da HPE, outro ícone do setor de tecnologia, mudar sua sede de San Jose, também no Vale do Silício, para os arredores de Houston.