
Bruno Moreira, diretor da SontraCargo.
A SontraCargo quer faturar alto com um aplicativo destinado a um público teoricamente não interessado pelas últimas novidades em tecnologia: os caminhoneiros autônomos, grupo que reúne a metade dos 2 milhões de motoristas de caminhões de carga do Brasil.
O objetivo da ferramenta é facilitar a busca por uma carga, aumentando a produtividade e a segurança dos profissionais da estrada, por onde circulam 65% das cargas no Brasil. Em cerca de seis meses de operação, o aplicativo já conta com 10 mil motoristas cadastrados.
“Percebemos uma oportunidade nesse mercado, pois o setor investe muito em tecnologia nos próprios caminhões e na gestão interna das transportadoras, mas não em ferramentas que façam a conexão entre os dois lados”, conta Bruno Moreira, diretor da SontraCargo.
Ao divulgar uma carga que precisa ser transportada, a empresa indica o valor que pagará pelo serviço. O preço apresentado aos motoristas é R$ 45 mais baixo, pois essa é a taxa que fica com a SontraCargo.
O valor é relativamente pequeno em relação ao custo total de um frete, que varia de acordo com o trajeto, o tipo de carga, o modelo de caminhão, e outras especificações.
Um transporte com veículo truck de São Paulo a Porto Alegre, por exemplo, pode custar entre R$ 1,8 mil e R$ 2,2 mil. Já uma viagem de São Paulo a Maceió com carreta, pode sair por R$ 8 mil a R$ 10 mil.
“Sem o app, o mercado é informal e desorganizado. As empresas contatam um agenciador de carga, que faz a divulgação dos trabalhos disponíveis colando papéis em vidros nos terminais de carga. O agenciador recebe uma parcela do valor, mas com o SontraCargo podemos diminuir essa taxa pela alta quantidade de negócios fechados”, relata Moreira.
Moreira conhece de perto essa realidade. Seu pai era caminhoneiro e o empreendedor acompanhou as buscas por carga e as viagens quando criança e adolescente. Hoje, vê as famílias envolvidas, inclusive, no uso da ferramenta.
“O caminhoneiro pode verificar os trabalhos disponíveis antes mesmo de chegar ao destino, e a família também colabora com essa busca no computador de casa, especialmente os filhos, que tem mais proximidade com a tecnologia”, revela.
As cargas disponíveis estão organizadas por cidade, na rota ou mais próximas. É possível saber sobre o tipo de carga, a carroceria, se há necessidade de rastreador para aquela operação e o valor a ser pago, pela carga total ou por tonelada, entre outros detalhes.
Moreira afirma que o público-alvo da ferramenta não é formado por aficionados por tecnologia, mas que, por ficarem muito tempo longe da família, eles acabam utilizando notebooks, tablets e smartphones para facilitar contato.
“Cerca 15% dos os ao site da SontraCargo são feitos por smartphone, e o aplicativo teve 1,5 mil s em pouco mais de um mês”, diz Moreira.
Outro desafio é a internet nas estradas. Durante as viagens, muitos locais dificultam o o dos profissionais à rede. Para melhorar a situação, a SontraCargo já tem planos.
“Estamos procurando parceiros para instalar pontos de wi-fi nos principais locais que servem de paradas para os caminhoneiros”, revela o empreendedor.
Até o fim do ano, a empresa quer aumentar em 150% a base de caminhoneiros cadastrados no aplicativo, saltando para 25 mil usuários em todo país.
A meta de crescimento é ainda maior em relação às transportadoras. Das 520 transportadoras cadastradas hoje, responsáveis por um volume de aproximadamente 600 cargas publicadas por dia, a empresa quer saltar para 3,5 mil transportadoras cadastradas até o fim do ano.