MEIA VOLTA

Stefanini desiste de cabine polêmica 644r2i

Stefanini@Home feriu sensibilidades e gerou uma tempestade de comentários negativos. 55541s

10 de setembro de 2020 - 10:34
Parecia bonito na foto, mas pegou mal.

Parecia bonito na foto, mas pegou mal.

A Stefanini decidiu “repensar” o Stefanini@Home, uma oferta combinada de tecnologia e mobiliário para home office cuja característica mais chamativa era uma cabine com isolamento para quem está trabalhando em casa.

O móvel, com 1,6 metro de profundidade, 1 metro de largura e 2,2 metros de altura (mais ou menos o dobro de um assento de classe econômica), despertou uma tempestade de críticas, uma parte delas na própria caixa de comentários do Baguete.

“Ouvimos a repercussão e percebemos que a nossa comunicação do produto não foi a melhor. Decidimos repensar tudo”, afirma Rodrigo Pádua, VP Global de Gente e Cultura da Stefanini.

Em conversa com o Baguete, Pádua destacou o componente tecnológico do Stefanini@Home, que empacota numa só solução VPN, o remoto, cibersegurança e um processo de contratação digital, um pacote interessante para empresas montando operações de home office.

"A cabine era uma parte ória na oferta, podendo ser adotada ou não, e realmente não faz parte do negócio chave da Stefanini", destaca Pádua.

No entanto, a cabine figurou com destaque na comunicação da empresa sobre a oferta, talvez por colocar de uma maneira tangível a proposta e,  sem dúvidas, sem que a Stefanini esperasse a reação contrária gerada em redes sociais.

“Era um MVP”, afirma Pádua, usando a sigla em inglês para “produto mínimo viável”, uma das favoritas no jargão das startups. “É o modelo digital. Lançamos o produto, estamos atentos para ouvir e aprender”, aponta o executivo.

A conversa com o Baguete é a primeira manifestação pública da Stefanini sobre o produto polêmico. Até agora, a empresa estava lidando de maneira mais discreta com o assunto, tirando o produto do site e apagando os posts em redes sociais relacionados.

Na prática, parece difícil de pensar que a reconsideração da Stefanini leve a empresa a decidir vender novamente o produto. 

Pádua preferiu não elaborar muito sobre o assunto, provavelmente para não gerar novas polêmicas, mas a verdade é que o produto da Stefanini fazia uma certa dose de sentido em um nicho e a reação veio em grande parte de fora dele.

A ideia era que a cabine fosse usada para serviços de atendimento ao cliente, e técnico, backoffice, vendas e cobrança, todas atividades típicas em contratos de terceirização de processos de negócios (BPO, na sigla em inglês).

De acordo com a divulgação da Stefanini na época, com direito a citações entusiasmadas do fundador, Marco Stefanini, os benefícios seriam “privacidade instantânea, eliminação de ruídos, além de um ambiente de trabalho funcional e ergonômico”.

Em termos de espaço e conforto, não difere muito da área disponível para um funcionário em um center típico, com a diferença que uma posição de atendimento costuma ser aberta.

Para completar, é provável que a maioria dos funcionários de center trabalhando em casa desde o começo da pandemia o esteja fazendo de maneira improvisada, para a qual a cabine seria uma melhoria.

As funcionalidades de controle biométrico de entrada e horas trabalhadas, que aterrorizam mestrandos de comunicação ouvidos pelo site Manual do Usuário pelos seus ecos na obra do pensador francês Michel Foucault, são o cotidiano de trabalho desses profissionais.

O problema da oferta da Stefanini pode não ter sido a aplicação prática no segmento de BPO (menos de 50 cabinas foram instaladas), mas ter vindo em um momento de inseguranças e insatisfação reprimida geradas pela migração para o home office para outro tipo de profissionais, para quem as expectativas de condições de trabalho em casa são outras.

Nem tudo são maravilhas no chamado “novo normal”, e muitos profissionais relatam estar trabalhando mais horas, enviando mais mensagens e ando mais tempo em reuniões, em uma lógica de trabalho 24x7, sem a separação clara entre trabalho e vida pessoal facilitada por ir trabalhar em um escritório e depois ir para casa.

No meio disso tudo, o Stefanini@Home parece ter se tornado um símbolo sobre o qual muitos profissionais projetaram as suas insatisfações com o home office no presente e seus temores sobre sua situação no futuro.

"Muito sem noção, fora que esta coisa de home office está excedendo limites, de hora, de invasão de privacidade, fora o que as empresas não estão ganhando com suas economias e no nosso bolso NADA!",  aponta um comentário típico no Baguete. "Du caramba! Acabou a vagabundagem em casa! Home office de fato vai virar trabalho sério! Dá ao entrar e ao sair! Fantástico", ironizou outro leitor.

Os temores têm uma dose de realidade. Em junho, o presidente do Santander, Sergio Rial, causou ultraje ao falar em "abdicação voluntária" de benefícios ou de uma porcentagem do salário por parte dos funcionários em meio a uma transmissão ao vivo do próprio banco.

O agito em torno do Stefanini@Home veio sem dúvida em má hora para a Stefanini, que está em meio ao que é uma das viradas para o home office mais ambiciosas já feitas numa empresa de TI brasileira.

O projeto, batizado de Stefanini Everywhere, tem por meta que metade do time trabalhe em home office num prazo de 12 a 18 meses, sendo 60% dessa equipe de maneira permanente e outros 40% de maneira parcial.

É uma mudança enorme para uma empresa que tem 25 mil funcionários (14 mil no Brasil) e tinha antes da crise uma prática mínima de home office, limitada a 120 profissionais na Europa.

A migração para o home office se dará tanto por novas contratações de profissionais no “interior do país”, num ritmo entre 150 e 200 por mês em 2020, com uma subida ainda maior em 2021, quando aquisições devem elevar a velocidade para 500 por mês. 

Caso a Stefanini consiga contratar na velocidade máxima e feche as aquisições previstas, estamos falando de quase 7 mil novos funcionários em home office, a imensa maioria dos quais não se sentiria nada atraído pelo prospecto de trabalhar em uma cabine.

Leia mais 6z23s

QUALIDADE

Solutis: CMMI 3 em dois meses 3p4ay

Há 1732 dias
VELHO NORMAL

Amazon aposta em escritórios 17c1f

Há 1737 dias
NOVO NORMAL

Stefanini cria mini home office 5u92v

Há 1738 dias
VELHO NORMAL?

Home office começa a recuar 4j5x12

HOME OFFICE

Fujitsu fecha metade dos escritórios 622h4q

DINHEIRO

Home office: o fim dos vales? p4f5c

NOVO NORMAL

BRQ quer modelo 100% home office 1mw3x

NOVO NORMAL

Zenvia estende home office até o final de 2020 2zs71