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Sede da Dataprev em Brasília.
A Telebras, estatal federal de telecomunicações, fechou um contrato de R$ 292,814 milhões com a Dataprev, estatal federal de serviços de tecnologia da Previdência Social, para interligar a rede do INSS em todo o território nacional por 60 meses.
A operadora estatal de telecom irá também oferecer equipamentos adicionais de roteamento necessários e otimização da rede WAN. O contrato foi negociado ainda no governo Dilma Rousseff e divulgado pela Telebras nesta quarta-feira, 15.
É um contrato muito significativo para a Telebras, que no ano ado teve uma receita bruta foi de R$ 81,48 milhões, alta de 29% frente ao ano anterior, quase toda ela obtida com serviços de comunicação multimídia.
Só os serviços prestados para a Dataprev vão agregar por ano mais da metade disso (R$ 58,4 milhões).
O problema é que a estatal de telecomunicações é um poço de prejuízo. Em 2016, ele foi de R$ 270 milhões, uma alta de 14% frente a 2015, quando o prejuízo já havia duplicado frente a 2014.
Mais importante do que isso, está sob risco o próprio modelo de negócio da Telebras, baseado no o privilegiado a contratos polpudos com o governo como a Dataprev.
A Telebras, criada nos anos 70 para padronizar as telecomunicações brasileiras, foi basicamente extinta com as privatizações no final dos anos 90 e ressuscitada pelo então presidente Lula como um executor para o Plano Nacional de Banda Larga, uma iniciativa que visava levar o a internet ao interior do país.
Como o governo falhou constantemente no ree de recursos com essa finalidade, estabeleceu-se que o financiamento viria da prestação de serviços estratégicos ao governo, uma linha de raciocínio reforçada pelo governo Dilma após o escândalo de espionagem da NSA como um imperativo estratégico de segurança nacional.
O governo Michel Temer, no entanto, vem desarticulando gradativamente a visão petista da estratégia de TI do governo federal, dando preferência para fornecedores privados. Até agora, isso se refletiu em compras de software proprietário e numa licitação de serviços de computação em nuvem.
Parece que logo a hora da Telebras vai chegar.
Segundo disse ao Telesíntese o secretário de Telecomunicações, André Borges, o Ministério de Ciência e Tecnologia está realizando estudos para diagnosticar quais seriam as reais necessidades do governo para preservar o sigilo das comunicações.
“O tema sobre a preferência da Telebras para contratos com o governo está sendo revisto”, resumiu Borges, destacando que o governo não quer a Telebras competindo com a iniciativa privada onde as operadoras de telecom já prestam serviço, principalmente para o mercado corporativo.