
Thoughtworks entrou na lista dos cortes. Foto: Divulgação
A Thoughtworks acaba de fazer um corte de cerca de 200 pessoas na sua operação brasileira, uma das mais importantes da multinacional de desenvolvimento de software.
A informação é do site Layoffs Brasil, que disponibiliza perfis de profissionais demitidos em empresas de tecnologia, e foi confirmada pela Thoughtworks ao Baguete.
"Lamentamos a redução que tivemos que fazer em nossa força de trabalho na última segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023. Estas mudanças foram necessárias para sustentar o crescimento do nosso negócio no futuro", explicou a empresa, em nota, sem dar mais detalhes sobre os desligamentos.
De acordo com os dados divulgados pelo Layoffs, o corte foi especialmente duro na área de Engenharia de Software, com 89 demitidos.
Não é possível saber exatamente o impacto do corte na equipe total da Thoughtworks no Brasil.
A Toughtworks tem de 12,5 mil funcionários em 18 países. Do total, 15,5% (ou aproximadamente 1,9 mil) estão na América Latina, de acordo com o balanço mais recente da companhia.
A Toughtworks não divulga o número de funcionários no país desde 2017, quando a cifra era 515.
Supondo que um pouco mais da metade dos funcionários da América Latina fique no Brasil, o que seria de esperar, os 200 demitidos representam cerca de 20% da força total.
A ThoughtWorks chegou ao Brasil em 2010, abrindo uma operação no Tecnopuc, parque tecnológico da PUC-RS em Porto Alegre. Depois foram agregados São Paulo, Recife e Belo Horizonte.
Ainda em junho de 2022 a Thoughtworks comprou a Handmade Design, uma consultoria paulistana de design estratégico, na época com 50 funcionários.
No mundo todo, são 10 mil funcionários distribuídos entre 49 escritórios e em 17 países.
Por coincidência (ou não) a ThoughtWorks acaba de divulgar seus resultados, com um 2022 mais ou menos e sinais preocupantes para 2023.
A receita em 2022 ficou em US$ 1,29 bilhão, uma alta de 21.1%, o que é o lado mais. Dentro disso, a América Latina teve um crescimento de 18,3%, em comparação com os 27% da América do Norte, que puxou a fila.
O lado menos do balanço é prejuízo de US$ 105,5 milhões, um salto frente ao US$ 0,6 milhão de prejuźo registrado em 2021.
Para 2023, a ThoughtWorks prevê uma desaceleração forte do ritmo de crescimento, que deve ficar entre 0,5% e 2,5%.
No começo de 2021, a ThoughtWorks recebeu um aporte de US$ 720 milhões de um grupo de investidores, incluindo o GIC, um dos fundos soberanos de Cingapura, e a Siemens, gigante industrial alemã.
Pelo que parece, os investidores resolveram seguir o exemplo generalizado no setor de tecnologia no momento e apertar o cinto para melhorar as margens antes do impacto da desaceleração do crescimento.
No caso da Thoughtworks, a decisão não deixa de ser um arranhão na imagem da empresa, que aparece com frequência em rankings de melhores para trabalhar e tem uma reputação forte entre jovens profissionais, construída pelo pioneirismo no tema métodos ágeis e o engajamento pronunciado em pautas sociais, como apoio a ONGs e o de minorias ao mercado de trabalho.