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Um estudo recente das Universidades de Chicago e Michigan revelou que o fim do home office em companhias como Apple, Microsoft e SpaceX foi seguido por um aumento nas saídas dos talentos mais experientes e difíceis de substituir.
A pesquisa foi baseada na análise de dados de currículos do People Data Labs, um provedor de dados B2B. Além disso, observou-se a correlação entre o retorno forçado aos escritórios, a permanência dos funcionários e a movimentação dos mesmos entre empresas.
Segundo uma reportagem do Washington Post, a Microsoft teve uma perda de 5% de profissionais seniores. Na Apple, a perda chegou a 4%. Já a SpaceX, que exigiu a volta presencial em tempo integral, registrou uma queda desses profissionais na casa dos 15%.
Muitos desses profissionais seniores e de alto escalão foram trabalhar em concorrentes diretos que não voltaram ao presencial.
“Descobrimos que os funcionários experientes afetados por essas políticas nas principais empresas de tecnologia procuram trabalho em outro lugar, levando consigo alguns dos mais valiosos investimentos em capital humano e ferramentas de produtividade”, disse Austin Wright, professor assistente de políticas públicas da Universidade de Chicago e um dos autores do estudo.
Como justificativa para o trabalho presencial, os executivos alegam que é difícil para o profissional manter a conexão com a empresa e, consequentemente, inovar.
John Donahoe, CEO da Nike, disse em uma entrevista à CNBC que o trabalho remoto desacelerou as inovações da companhia e afirmou que “é realmente difícil fazer inovações ousadas e disruptivas, desenvolver um tênis ousadamente disruptivo no Zoom”.
Apesar disso, diversos outros estudos apontam que o trabalho remoto trouxe queda em despesas operacionais (aluguel de espaços físicos, manutenção, limpeza etc.), reduziu o absenteísmo e aumentou a retenção de funcionários.
Outro ponto relevante foi o aumento da produtividade, pois há a perspectiva de que, por estar em um ambiente isolado, não há distrações. Segundo uma pesquisa da Universidade de Harvard, divulgada pela UFRJ Consulting Club, funcionários tendem a trabalhar em média 50 minutos a mais remotamente.
Ainda assim, empresas como Amazon, Google e Zoom obrigaram a volta para os escritórios em sua totalidade ou em formato híbrido, sob a ótica de que a interação com os demais funcionários também é prejudicada, afetando a longo prazo o caráter inovador e a propagação da cultura da companhia.
No Brasil, uma pesquisa realizada em 2021 pela GeekHunter, plataforma de recrutamento de pessoas desenvolvedoras de software e data science, e divulgada pelo site Olhar Digital, aponta que 78,27% dos profissionais de TI não queriam atuar no formato presencial ou híbrido.
Na amostra, 80% eram desenvolvedores e 14%, da área de data science. A maior parte dos profissionais era de São Paulo (34,08%) e Santa Catarina (15,29%).
Entre as empresas que participaram da mesma pesquisa, 43,87% optaram por manter o home office, 17,83% pretendem tentar o modelo híbrido e 11,84% irão retornar ao presencial. Os outros 21,45% ainda não sabiam qual modelo seguir.