
Enigma em exposição na Ufrgs. Foto: Baguete.
Ao quebrar a codificação da máquina de criptografia Enigma, o britânico Alan Turing entrou para a história, se tornando depois um dos pais da computação moderna. Com o objetivo de resgatar esta história, a Ufrgs apresentou nesta sexta-feira, 11, uma unidade funcional do aparelho, dentro da mostra "Alan Turing: Legado para a Humanidade".
Um grande público compareceu para ver o artefato histórico, adquirido por cerca de R$ 300 mil reais junto a um colecionador norte-americano. Segundo Dante Barone, curador da mostra, existem cerca de 300 máquinas Engima no mundo atualmente, das quais apenas 10% estariam funcionais.
A Enigma integrará a mostra organizada pela universidade, que integra as atividades de comemoração do centenário no nascimento de Turing.
No entanto, quem esteve presente na apresentação teve a oportunidade rara de ver a Enigma em ação. Criada em 1918 e usada na Europa para a transmissão de mensagens criptografadas, a máquina se tornou lendária quando os alemães a adotaram durante a 2ª Guerra Mundial.
Ela segue em exposição no museu da Ufrgs até o encerramento da mostra, prevista para 23 de março. Depois disso, o artefato irá para o acervo Instituto de Informática da universidade, servindo para pesquisas e estudos na área de criptografia, com um curso previsto para março.
Conforme avalia Barone, a aquisição da máquina mostra a valorização da universidade na área de pesquisa e história da computação.
"É vital fazemos este resgate, conhecendo a história destas mentes e máquinas que levaram a tecnologia ao que temos hoje", afirma.
Barone também destacou que a mostra sobre Alan Turing será levada para outras capitais do país, a fim de difundir a história do inglês. Rio de Janeiro, Goiânia, Recife e Manaus receberão a exposição.
"A mostra vai, mas a Enigma fica aqui na universidade", dispara o professor, rapidamente.
COMO FUNCIONA
Semelhante a uma máquina de escrever, a máquina utilizava complexos circuitos eletrônicos para codificar suas mensagens.
Para evitar quebra nos códigos, a máquina possuía um sistema de rotores que possibilitava trocar as codificações a qualquer momento, tornando-a quase impossível de decifrar. Dependendo da codificação, um única letra poderia ter diversas traduções.
No entanto, na liderança de um time de especialistas de decodificação em Bletchley Park, na Inglaterra, Turing trabalhou na decodificação destas mensagens, cumprindo um importante papel na contra-inteligência aliada.
Inclusive, o lote comprado pela Ufrgs conta com um curioso - e sinistro - toque. Ao lado da Engima, está em exposição um rotor elétrico que supostamente pertenceu à Enigma usada no iate de Adolf Hitler.
TURING
Nascido em 23 de junho de 1912, Turing foi um dos principais nomes na área da espionagem britânica. A decifração da máquina Enigma, que protegia tais códigos, teria encurtado a II Guerra em dois anos e poupado 22 milhões de vidas.
Mesmo sendo brilhante, Alan Turing foi perseguido na Inglaterra por ser homossexual. Morreu em 1954 por ingestão de cianureto.
Em setembro de 2009, veio o reconhecimento tardio: o primeiro ministro Gordon Brown pede desculpas formais em nome do governo britânico pelo tratamento preconceituoso e desumano dado a Turing.