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O Nubank, uma das principais fintechs do país, ou a questionar alguns dos seus clientes se eles preferem realizar apostas em bets, sugerindo como alternativa para apostas investir numa aplicação do banco.
O caso foi relatado em fóruns de apostas na internet, onde apostadores informaram que o aplicativo exibe uma mensagem ao reconhecer que o destino de uma transferência é uma casa de apostas.
“Que tal guardar esse dinheiro? Alguns desses jogos são legalizados no Brasil, porém não há garantias de ganho. Guardando esse dinheiro, em vez de apostar, você tem certeza de que ele vai render sem preocupação.”
A mensagem acima foi confirmada pela instituição, que respondeu ao Baguete:
“Estamos sempre em busca de oportunidades para melhorar a experiência dos nossos clientes e realizamos, com frequência, testes de novos produtos e soluções para uma pequena parcela da base de usuários”.
Como a resposta dá a entender, o Nubank está testando a mensagem com alguns dos clientes.
Esse tipo de prática é comum entre desenvolvedores de software e aplicativos, sendo conhecida como Teste A/B.
No caso, a maioria dos usuários segue fazendo a transferência normalmente (A), enquanto outro (B) recebe a mensagem de desmotivação.
Se uma parte significativa deixar de fazer a transferência, é provável que o Nubank comece a estender a mensagem para todas as transações do tipo.
A ação do Nubank não acontece no vácuo. Nos últimos tempos, os grandes bancos do país vem dando mostras públicas de preocupação com o volume de dinheiro transferido para as bets, gerando menos investimento em produtos bancários, e, em muitos casos, clientes endividados.
Uma análise do Banco Central estima que o fluxo de caixa anual das casas de apostas está entre R$ 200 bilhões a R$ 250 bilhões, dos quais 15% não retornam aos apostadores — algo em torno de R$ 30 bilhões retirados do orçamento das famílias.
Um levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) indica que as bets gerariam um prejuízo de R$ 117 bilhões aos estabelecimentos comerciais, além de causar grande impacto nas instituições financeiras.
O Banco Santander encomendou um estudo interno que mostra que a diferença entre o valor gasto e os ganhos pode ser negativa, subtraindo até 0,3% do PIB brasileiro.
O relatório aponta que o total arrecadado entre impostos e taxas sobre as bets em 2024 ficaria entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões e, para 2025, com as casas legalizadas, entre R$ 5 bilhões e R$ 10 bilhões.
Segundo o relatório, essas receitas tributárias mostram-se inferiores aos gastos em saúde motivados pelos danos causados pelos vícios em apostas.
Mesmo com a regularização realizada pelo governo federal, ainda há uma enorme pressão de várias instituições e órgãos para que mais regras sejam impostas a essas casas, a fim de diminuir o impacto econômico no país.