
Chegou a temporada de descontos em tecnologia. Foto: Pexels.
A Microsoft fechou um acordo com o Ministério da Economia se comprometendo a vender uma tabela com 2 mil produtos para o governo com um preço 22,71% menor nas licitações públicas daqui para frente.
O acordo é extensível aos três poderes nas esferas federal, estadual e municipal e incluem ferramentas de colaboração e produtividade, desde o Office 365 até serviços da plataforma de dados da Microsoft, incluindo BI e Analytics.
A partir da publicação do acordo, órgãos públicos só podem adquirir produtos da Microsoft seguindo os valores máximos estipulados, já com o desconto. A meta é chegar a uma média de 20% de desconto entre todos os grandes fornecedores até 2022.
“Esse acordo é fruto do compromisso da Microsoft de pavimentar caminhos que auxiliem na transformação digital do governo, possibilitando a contratação de produtos e serviços de tecnologia que são peça-chave para a inovação, ganho de eficiência e agilidade, e para a entrega de melhores serviços ao cidadão”, afirma Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil.
Na verdade, a Microsoft está se dobrando à nova política de preços do governo, que está negociando acordos do tipo com diversos grandes fornecedores.
No ano ado, a Microsoft não negociou e a Secretaria de Governo Digital do Ministério da Economia impôs um desconto de 35% de maneira unilateral.
Recentemente, o governo fez a mesma coisa com Adobe e Broadcom (para a linha de produtos Symantec), impondo descontos de 22,49% para a primeira e de 21,67% para a segunda, em ambos os casos para 11 produtos e serviços.
A Qlik negociou e o desconto ficou em 10,87%, para 22 itens, entre eles, a aquisição de licenças de produtos da plataforma Qlik, como o Qlik Sense.
“Este é um modelo que reforça uma tendência de desburocratização e austeridade, que deve padronizar os processos de aquisição de tecnologias para a transformação digital em mais de 200 órgãos públicos", afirma Eduardo Kfouri, vice-presidente e gerente geral da Qlik para América Latina.
As declarações de Kfouri e Cosentino fazem parte de notas da Qlik e Microsoft divulgando os acordos com o Ministério da Economia, um fato inédito até agora nas negociações entre o governo e as gigantes de TI, iniciadas no ano ado.
Ao que tudo indica, as duas empresas decidiram seguir a máxima de fazer limonada com os limões que a vida oferece. A estimativa do governo é que a economia com os descontos fique em pelo menos R$ 112 milhões em 2020.
Quem não aceitou a situação foi a Assespro, entidade que representa 2,5 mil empresas brasileiras de tecnologia, a maioria delas médias e pequenas, contanto com um número significativo de parceiras de empresas como a Microsoft ou então desenvolvedoras de versões nacionais dos produtos cujos preços estão sendo reduzidos.
A entidade encaminhou um ofício ao governo federal questionando a decisão do governo de negociar descontos com os maiores fornecedores de tecnologia da informação e comunicação do governo.
“O modelo proposto pode levar à coordenação anticompetitiva de preços por parte dos competidores de maior porte e barreira à entrada de empresas de menor porte”, diz o ofício assinado por Italo Nogueira, presidente da Assespro Nacional.
Seja tendo que encurtar suas margens para oferecer os produtos das multinacionais ou tendo que baixar o seu preço para competir, essas companhias estão prejudicadas.
Na sua nota, a Assespro afirma que acredita que as compras públicas são “um fator indutor do processo de crescimento econômico e de geração de emprego e renda” e que o sistema de compras concentradas “reduz a saudável variedade de oferta de soluções, especialmente em um segmento tecnológico e estratégico”.