
Matheus Goyas, CEO da Trybe: cheio de verdinhas.
A Trybe, startup de formação de desenvolvedores de software, acaba de receber R$ 145 milhões de fundos de investimento.
A rodada é liderada pelo fundo americano Untitled e pelo brasileiro Base Partners, que já investia na startup e tem no currículo investimentos em unicórnios como Nubank e Wildlife.
XP, Verde Asset Management, Endeavor Scale Up Ventures e Hans Tung, sócio do GGV Capital, são os outros novos investidores da operação, que avalia a startup em R$ 1,3 bilhão.
É uma cifra e tanto para uma companhia fundada em agosto de 2019. A Trybe de qualquer forma é precoce: seis meses depois da abertura já tinha captado R$ 42 milhões, em um aporte liderado pelo fundo Atlantico e composto por outros investidores, entre eles Canary, Global Founders Capital, e.Bricks, Maya e Norte.
Como dá para ver, todo mundo quer comprar uma pedaço da Trybe.
“Não precisávamos buscar uma nova rodada agora, pois ainda temos boa parte dos recursos dos dois aportes anteriores”, disse Matheus Goyas, cofundador e CEO da Trybe, ao NeoFeed. “Mas pela qualidade e o alinhamento dos investidores, enxergamos a oportunidade de antecipar alguns dos nossos planos”, agrega Goyas.
O motivo de todo interesse é simples. A Trybe entrega desenvolvedores de software, um tipo de profissional em alta demanda, sendo a mais badalada entre as startups que atuam com formação de desenvolvedores de software dentro do modelo conhecido como Income Share Agreement (ISA).
A Trybe prefere falar em modelo de sucesso compartilhado (MSC), que é a mesma coisa: o aluno faz o curso, mas tem a opção de pagar quando tiver encontrado um emprego acima de determinada faixa salarial, de R$ 3 mil no caso da Trybe.
A parcela é limitada a 17% desses vencimentos e o estudante tem cinco anos após a formatura para quitar o pagamento, que totaliza R$ 36 mil. Hoje, 94% dos alunos da Trybe conseguem um emprego em até 30 dias depois da formatura.
O segredo do sucesso é o grande número de interessados: mais de 120 mil pessoas já se inscreveram para estudar na Trybe. A empresa também fecha acordos diretamente com possíveis empregadores, agilizando o processo.
Perto de concluir a sua sétima turma e de alcançar a marca de 400 profissionais formados desde o seu lançamento, a Trybe tem hoje 2,2 mil alunos em seu curso. A projeção é encerrar 2021 com até 3 mil estudantes.
O modelo de negócios demanda capital, porque a startup está adiantando a formação para cobrar depois, não tão diferente do que o bom e velho crédito educacional.
Em maio, inclusive, a Trybe foi autorizada pelo Banco Central a atuar como uma Sociedade de Crédito Direto. Dois meses antes, a empresa captou um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) de R$ 50 milhões.
Com o dinheiro, a Trybe também projeta ampliar seu catálogo de formações, incluindo desenvolvimento mobile, cibersegurança e data science a partir de 2022, ao mesmo tempo em que aumenta o time em 300 pessoas, chegando a 800.
Vale lembrar que a Trybe é uma empresa nova, mas liderada por nomes com algum histórico, com cinco sócios que fundaram em 2012 AppProva, outra startup educacional, essa focada em dados e avaliações.
Ela foi vendida para a Somos Educação em 2017, quando já tinha cinco milhões de estudantes na plataforma.