
Evento lotado inaugurou o Pacto Alegre. Foto: Prefeitura Porto Alegre.
Agibank, RBS e Sicredi serão os financiadores do Pacto Alegre, uma mobilização unindo grandes instituições de ensino, empresas e governo, visando colocar a Porto Alegre em outro patamar quando o assunto é inovação nos próximos anos.
O Pacto Alegre, um desdobramento da Aliança pela Inovação, acordo firmado por UFRGS, PUC-RS e Unisinos em abril de 2018, foi apresentado oficialmente nesta quarta-feira, 21. Em paralelo, também foi assinado um termo com o Badesul, banco de fomento gaúcho.
Com o apoio das empresas, o Pacto Alegre formalizou a contratação de Josep Piqué, até recentemente Presidente da Associação Internacional de Parques Científicos e Áreas de Inovação (IASP) e um especialista quando o assunto é sacudir cidades por meio de projetos desse tipo.
Piquet foi um idealizadores do Barcelona @22, um projeto de revitalização de uma área industrial dentro da cidade espanhola, o que o tornou uma autoridade mundialmente reconhecida no assunto.
Desde então, o espanhol já prestou consultorias do mesmo tipo em Santa Catarina e Medellín, na Colômbia.
Piqué já vinha trabalhando com as universidades desde o começo do ano, mas agora á um compromisso de pelo menos três anos de parceria. O grupo também ou a incluir 75 entidades ligadas ao meio empresarial da cidade.
Cada uma deverá, até março do ano que vem, se engajar em alguma iniciativa que traga benefício à cidade, propondo projetos inovadores.
“O objetivo é pactuar diferentes agentes para construir a missão de tornar Porto Alegre uma referência nacional e internacional de inovação e colaboração com ações de alto impacto”, afirma Piqué.
A partir de parcerias com entidades e organizações, o Pacto vai colaborar com ações como criação de desafios para startups baseados em problemas da cidade, abertura de capacitação em inovação para empresários com a Fiergs e um festival de inovação em conjunto com o grupo POA Inquieta, que reúne empresários de empresas da chamada indústria criativa.
De acordo com informações do Jornal do Comércio, os parceiros já colocaram R$ 540 mil na iniciativa. As motivações de Agibank, Sicredi e RBS para bancar a iniciativa não são muito diferentes das de PUC, UFRGS e Unisinos para iniciá-la: preocupação com a fuga de talentos da cidade, um fenômeno nacional agravado no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre, por problemas específicos do estado e da capital.
“A juventude quer olhar para a gente e saber que a gente aposta na cidade. Temos o compromisso de fazer brilhar o olho das pessoas que podem estar no nosso entorno. Não podemos perder talentos. Esperamos inspirar os jovens com essa aposta na cidade que é responsável pelo desenvolvimento tecnológico do banco”, destaca João Tavares, presidente do Sicredi.
O Sicredi tem 3,8 milhões de associados e presença em 22 estados e no Distrito Federal, com mais de 1,6 mil agências.
No entanto, a área de tecnologia da companhia é centralizada em Porto Alegre.
No ano ado, a instituição começou sua aproximação com o ecossistema de inovação com a abertura de uma unidade na Escola Politécnica da PUC-RS, criando relações com a universidade e o ambiente do Tecnopuc.
A sede é responsável pela construção da nova plataforma digital do banco, que inclui novas ofertas e experiências digitais, um tipo de tarefa que exige formação de profissionais qualificados a nível local, e capacidade de atrair gente de fora.
É a mesma situação da Agibank, um banco digital sediado em Porto Alegre, com dezenas de profissionais de tecnologia baseados na cidade, e outras dezenas de vagas abertas para a área de TI nesse momento.
Com práticas de TI de ponta, o Agibank anunciou no ano ado planos de investir R$ 750 milhões em tecnologia e inovação ao longo dos próximos três anos.
“Nosso banco tem uma necessidade muito grande de absorver talentos que estão escassos no nosso Estado. Ficou evidente que tínhamos oportunidade de melhorar esse indicador de recursos humanos. Acredito que, com esse pacto, vamos construir o futuro do Rio Grande do Sul”, diz Marciano Testa, CEO do Agibank.
No evento, Testa abriu planos de criar um instituto de inovação nas dependências do antigo Shopping DC, no Quarto Distrito. O local deve abrigar startups e centros de inovação, além de sediar eventos educativos.
Segundo dados do Ministério da Educação de 2016, o número total de matrículas nos cursos presenciais na educação superior privada caiu 3,5% no Rio Grande do Sul naquele ano, um ponto percentual acima da média do país.
Foi a primeira queda desde 1991 do número de matrículas e situação certamente não melhorou em 2017. Entre 2006 e 2015, o crescimento médio havia sido de 4%.
A RBS tem um case menos claro para apostar no Pacto Alegre, mas nem por isso o movimento deixa de fazer muito sentido para o grupo de comunicação gaúcho.
A empresa foi fundada em Porto Alegre nos anos 50 e é de longe o grupo de comunicação mais influente no Rio Grande do Sul em rádio, televisão e em jornais, principalmente na capital. Depois da venda da sua operação em Santa Catarina, em 2016, a companhia ficou ainda mais dependente do mercado gaúcho.
A empresa fez uma tentativa de reformular seu negócio de comunicação na última década, apostando numa virada digital, criando novos negócios online e um fundo de investimento para adquirir empresas da área.
"É uma responsabilidade da empresa fazer parte de algo que vai ajudar a produzir boas notícias. Nós queremos, nós podemos e nós vamos fazer a mudança que a cidade precisa", aponta a vice-presidente de produto e operações do Grupo RBS, Andiara Petterle.