
Nuvens por todo lado em Brasília. Foto: Depositphotos.
A AWS e Microsoft, dois dos maiores players na área de computação em nuvem, estão a mil em Brasília, organizando grandes eventos voltados para a área de governo.
Na semana ada, a Microsoft organizou um curso sobre inteligência artificial para 100 gestores de 38 órgãos diferentes na capital federal.
A chave aqui é que o curso foi oferecido em parceria com a Escola Nacional de istração Pública (Enap), uma instituição ligada ao Ministério da Economia que é referência em formação para o funcionalismo público.
O evento teve a presença de Ronan Damasco, diretor de Tecnologia da Microsoft Brasil, falando sobre a estratégia de IA da Microsoft, além de cases da Receita Federal e pela AGU.
No dia 9 de maio, virá a resposta da AWS, com o AWS Public Sector Symposium, um evento voltado para o setor público que será realizado pela primeira vez na América Latina.
A AWS vem com tudo. O evento será realizado no badalado Complexo Brasil 21, o maior centro de convenções de Brasília, com 20 sessões cobrindo inteligência artificial, análise de dados, transformação de serviços públicos e qualificação profissional.
A abertura será feita pelo diretor para o setor público da AWS na América Latina, Andrés Tahta, e está confirmada a participação da ministra de Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck.
A AWS está inclusive convidando jornalistas de todo o Brasil para o evento (o Baguete estará lá, com a intrépida repórter Luana Rosales trazendo as notícias em primeira mão).
A Microsoft e a AWS parecem estar fazendo uma “ofensiva de charme”, visando convencer a máquina pública de que é uma boa ideia migrar o processamento de dados do governo para nuvens públicas, de preferência a própria.
Como os leitores do Baguete vão lembrar, César Alvarez, um dos integrantes da transição do governo Lula, disse que a adoção de nuvem no governo da maneira atual era uma “irresponsabilidade”, a ser corrigida com um movimento de “voltar para uma política de data centers”.
O assunto na época gerou uma dose de polêmica, com direito a uma reação indireta da AWS.
Desde então, o tema morreu. Alvarez não foi nomeado para nenhuma posição importante no governo.
A presidência do Serpro, a maior estatal de tecnologia do governo, e até agora uma promotora da migraçao para nuvens privadas, foi para Alexandre Gonçalves de Amorim.
O interessante sobre Amorim é que ele não é exatamente um quadro técnico puro-sangue do PT e acumula algumas experiências que indicam uma abertura maior para trabalhar com a iniciativa privada.
Na Dataprev, por outro lado, o nome escolhido foi Rodrigo Assumpção, que já havia presidido a estatal de tecnologia da Previdência entre 2009 e 2017, e um nome ligado à orientação mais clássica do PT.
No momento, Brasília está focada na regulamentação da difusão de conteúdo em grandes redes sociais, com o PL das Fake News. Uma hora, o tema nuvem deve voltar para a ribalta, e AWS e Microsoft parecem estar preparando o terreno.