
Alsones Balestrin. Foto: Divulgação.
Alsones Balestrin, ex-pró-reitor Acadêmico da Unisinos, será o novo secretário de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul.
O anúncio foi feito pelo governador Eduardo Leite (PSDB) nesta sexta-feira, 14. A posse acontece na quarta, 19.
Balestrin substitui Luis Lamb, que esteve à frente da pasta desde o início da gestão e anunciou a sua saída na segunda, 10.
Lamb está de mudança para os Estados Unidos, onde já residem a sua esposa e uma filha.
O ex-secretário, que foi pró-reitor de Pesquisa da UFRGS e fez carreira na universidade federal gaúcha, deve fazer um sabático e depois seguir no meio acadêmico.
Com a escolha por Balestrin, o governador Leite mantém a relação próxima com as grandes universidades do Rio Grande do Sul que vem dando a tônica da secretaria nos últimos anos.
Balestrin foi pró-reitor Acadêmico da Unisinos durante os últimos 12 anos, deixando a posição recentemente em uma grande mudança na instituição, incluindo a de reitor.
Assim como Lamb, ele esteve envolvido de perto na criação da Aliança pela Inovação, um acordo entre UFRGS, PUC-RS e Unisinos visando um trabalho mais próximo entre as instituições que deu origem ao Pacto Alegre, uma mobilização mais ampla em prol do ecossistema de inovação na capital gaúcha.
“Tenho certeza de que o professor Balestrin está totalmente entrosado com a política de inovação do estado e que tem a capacidade, o conhecimento e as relações com a academia e a iniciativa privada para garantir que o estado mantenha a política de inovação no centro da estratégia de desenvolvimento”, aponta Leite.
Balestrin tem dois doutorados, um em istração pela UFRGS e outro em Ciência da Informação e Comunicação pelo Instituto de Comunicação e Tecnologias Digitais da Universidade de Poitiers na França e leciona na Unisinos há 20 anos.
No seu período na alta istração da Unisinos, a universidade sediada em São Leopoldo, na região metropolitana, fez movimentos importantes para atrair grandes empresas como a SAP ou a HT Micron, consolidando o parque tecnológico Tecnosinos como um dos principais no país.
“Será uma grande satisfação poder dar continuidade ao brilhante trabalho realizado pelo secretário Lamb e por toda a sua equipe. Darei meu melhor para que a inovação, a ciência e a tecnologia sejam vetores de desenvolvimento, de geração de riqueza e de qualidade de vida para todos os gaúchos”, afirma Balestrin.
O novo secretário não deve ter muito tempo à frente da pasta.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, já havia anunciado desde a posse que não pretendia concorrer a uma reeleição.
Leite apostou suas fichas em uma candidatura presidencial pelo PSDB, o que acabou não se confirmando, e seu futuro político é incerto.
Mesmo que resolvesse mudar de ideia e se candidatar ao governo do Rio Grande do Sul, parece improvável que Leite ganhe: nenhum governador foi reeleito no Rio Grande do Sul, ou fez um sucessor do mesmo partido.
Sem uma continuidade do governo Leite, parece improvável que Balestrin siga na Secretaria de Ciência e Tecnologia num governo liderado por outro partido.
Improvável, mas não totalmente impossível. O Pacto Alegre envolve, além das universidades, uma série de grandes empresas gaúchas e tem forte prestígio junto a políticos de todo tipo de matizes.
Além disso, de uns tempos para cá a secretaria de Ciência e Tecnologia está ficando de fora da tradicional distribuição de posições no governo para os partidos das diferentes bases aliadas.
A mudança nesse sentido começou em 2011, quando o então governador Tarso Genro nomeou para a posição Cleber Prodanov, atual reitor da Feevale.
Prodanov permaneceu no cargo durante os quatro anos do governo, um fato inédito.
Antes, a secretaria era normalmente liderada por políticos de carreira que recebiam a posição como uma consolação por não terem recebido o comando de outros órgãos do governo com mais recursos.
Isso se refletia no tempo médio de permanência na frente da secretaria, que antes de Prodanov era de apenas 14 meses (os políticos iam embora assim que algo melhor surgia no horizonte).
Durante o governo José Ivo Sartori (PMDB), entre 2015 e 2018, o Rio Grande do Sul inclusive aboliu a Secretaria de Ciência e Tecnologia, integrando a pasta à secretaria de desenvolvimento. Leite reabriu a secretaria, colocando Lamb à frente.
O cenário para a corrida eleitoral no Rio Grande do Sul está totalmente em aberto, assim como o futuro da Secretaria de Ciência e Tecnologia. Caso ela siga no organograma, talvez fosse interessante apostar novamente em um perfil técnico como Lamb, Prodanov ou Balestrin.