Como ter uma TI estratégica para o negócio? s6o2n

A TI nunca vai se tornar estratégica se continuar dizendo que presta serviço. 

Essa foi a principal mensagem de Leandro Roldão, gerente executivo de TI da EDP Brasil, durante a sua apresentação no último Mesas TI, tradicional reunião-almoço promovida pelo Seprorgs, sindicato de empresas de TI do Rio Grande do Sul.

“A TI hoje está se tornando negócio dentro das empresas, a gente está trazendo negócio para as companhias. Então, cada vez mais, temos que provocar isso. As palavras às vezes mudam drasticamente, você dizer que presta serviço é diferente de dizer que você também é estratégico”, explica Roldão.

Na palestra com o tema “Planejamento e Estratégia: Transformação Digital”, o executivo detalhou a metodologia que utiliza para exemplificar seu ponto de vista.

“A gente usa o Design Thinking para trazer as ideias à tona, então tem que ter uma equipe liderando. A recomendação para quem não tem o domínio da metodologia é trazer um parceiro que tenha, para que isso aflore. Quem domina a metodologia consegue fazer com que as pessoas sintam vontade de trazer ideias”, aconselha Roldão.

Na prática, a empresa faz sessões com duração de duas a três horas que reúnem pessoas da área de finanças, por exemplo, com especialistas do time de TI para aquele segmento. 

O primeiro ponto, segundo o executivo, é entender o processo atual, como funciona a área de uma forma ampla. Depois disso, vêm as dores e se fala sobre todas as barreiras para executar aquilo. Em seguida, as ideias do que pode ser feito para implementação. 

“O ponto fundamental e chave de tudo isso é que não falamos em tecnologia em nenhum momento. A gente só está falando de negócio. A TI tem que fazer parte do negócio, ela é estratégica só se isso acontecer”, destaca Roldão. 

Em meio às necessidades, iniciativas e oportunidades levantadas, entra o processo de priorização de demandas. 

Para isso, as regras consideradas pelo gerente são: facilidade de implementação, impacto no negócio, alinhamento com o planejamento estratégico e custo ou legislação.

“Para quem trabalha em setores muito regulamentados, como eu já trabalhei em alimentos (Wickbold e Fini Brasil), laboratório farmacêutico (Aché Laboratórios) e energia (EDP Brasil), sabe o que é isso, vem o tempo todo projetos que a gente tem que gastar dinheiro efetivamente para entregar. No final de tudo, tem que existir o benefício financeiro”, explica Roldão. 

A partir dessa priorização, sai um roap que é entregue para o board, CEO ou CFO, como um material oriundo desse trabalho.

“O roap é o que a gente vai levar para frente. Depois, faz um alinhamento, prioriza frente ao planejamento estratégico e tudo isso vai ser um ciclo que vai rodar o ano inteiro. Aprovou em orçamento? No ano que vem você faz a mesma coisa, pega o backlog que sobrou e acrescenta”, detalha Roldão.

O executivo ainda destacou direcionamentos estratégicos que utiliza, como eficiência nos processos, inovação, relacionamento com os parceiros, diversidade, clima e inclusão.

“A gente tem que ter uma área separada de inovação, que pense fora da casinha e que possa viabilizar de uma forma diferente do dia a dia. Um projeto de inovação não anda no fluxo normal, custo normal, como um projeto tradicional, não tem como”, destaca Roldão.

Roldão está na EDP Brasil desde abril de 2022. Antes, foi head de TI para Soluções Corporativas do Grupo Notredame, especializado em planos de saúde e odontológicos, e CIO da Wickbold, uma das maiores fabricantes de pães do país.

O executivo também foi CIO da fabricante de balas Fini Brasil, além de ter sido gerente nas empresas Natura, Aché Laboratórios, NorthGate Arinso, Hypermarcas, Complex, Lojas Marisa, Bayer, CropScience e TWB Construção Naval. 

Em 2023, Roldão foi reconhecido como um dos executivos de TI mais influentes do Brasil pelo Optimize Group no 4CIO Brasil. Em 2020, foi listado entre os CIOs mais engajados pelo grupo IT Mídia. Em 2022, foi escolhido Executivo de TI Destaque no Brasil pela 4Network CIO.