
"Já vai, já vai". Foto: Depositphotos.
O governo federal nomeou os nomes dos seis titulares e respectivos suplentes para o grupo de trabalho encarregado de salvar o Ceitec nesta terça-feira, 28.
Ao todo, o governo demorou 50 dias para fazer as indicações dos integrantes, o que é um tempo notável, porque em tese o grupo de trabalho deveria apresentar sua proposta para salvar a estatal do chip sediada em Porto Alegre em 120 dias.
Quase a metade do tempo disponível para o grupo trabalhar, por tanto, foi investido em formar a equipe, formada integralmente por representantes do próprio governo, sob coordenação do Ministério de Ciência e Tecnologia.
De qualquer forma, o prazo pode ser prorrogado, o que provavelmente acontecerá se as coisas seguirem nesse ritmo.
Caso isso aconteça, também deve ser prolongado o prazo para a liquidação da estatal, uma medida do governo Bolsonaro que segue valendo, pelo menos no papel. Esse prazo também era de 120 dias, em paralelo com o grupo de trabalho.
O governo nomeou Augusto Cesar Gadelha Vieira, um quadro técnico de confiança do PT, como novo liquidante da estatal, em um caso curioso de homem cujo nome do cargo é o oposto da sua função.
Gadelha foi secretário de Política de Informática e diretor no Datasus durante os governos de Lula.
A falta de pressa do governo é um complicante adicional na situação do Ceitec, uma empresa real, que esteve em coma induzido durante boa parte do governo Bolsonaro.
Quanto mais demorar uma definição de rumos, menos viável e mais caro se torna colocar ela em prática.
O Ceitec ainda existe porque uma decisão do TCU suspendeu o processo de liquidação em setembro de 2021.
Posteriormente, o grupo de trabalho de transição para o governo Lula pediu ao TCU que deixasse o assunto em stand by, pendente de uma decisão do novo governo.
A meta de fechar o Ceitec foi apresentada mais ou menos no começo do governo Jair Bolsonaro, o que causou debandada de profissionais, antes mesmo de que começassem as demissões.
Conforme a Associação de Colaboradores e Ex-colaboradores da empresa (Acceitec), cerca de 70 funcionários trabalham no serviço de manutenção dos espaços e equipamentos da Ceitec, um pouco mais de um terço da cifra inicial.
A propriedade intelectual do Ceitec foi parar na Softex, uma OSCIP focada na promoção do setor de software brasileiro, que foi a única interessada nos ativos.