
A ponte sobre o rio Dadu. Foto: Wikipedia.
A Huawei, gigante chinesa de telecomunicações, substituiu um sistema de gestão da Oracle por uma solução desenvolvida internamente.
O desenvolvimento do ERP em casa começou em 2019, quando as sanções comerciais dos Estados Unidos proibiram a Oracle de vender licenças e e de software para a Huawei.
A medida impactou o ERP e outros sistemas chave de operação e gestão, aponta a Huawei em nota divulgada nesta quinta-feira, 20.
A Huawei não chega a mencionar o nome da Oracle em nenhum lugar, mas sites como a Bloomberg apontam que a empresa era a fornecedora.
Os chineses fizeram fanfarra para celebrar o novo sistema, batizado de MetaERP.
O texto afirma que o desenvolvimento do novo sistema envolveu “milhares de funcionários” e é o “maior e mais complexo” projeto de transformação que a Huawei já realizou.
Pelo lado técnico, a Huawei abriu que o ERP roda no EulerOS, uma distribuição Linux própria, e usa a base de dados relacional GaussDB, outro desenvolvimento interno da gigante.
Tanto o EulerOS como o GaussDB podem funcionar com os processadores Kunpeng, uma criação da Huawei baseada na arquitetura Arm, hoje de propriedade japonesa.
O fato do ERP rodar no Kunpeng é quase mais interessante do que o fato da Huawei ter desenvolvido o sistema, aponta o site britânico , porque mostra a independência total do país de tecnologia ocidental.
O novo ERP roda na nuvem, e, de acordo com a Huawei, dá conta de 100% dos “cenários de negócios”, uma definição vaga, e de 80% do volume de negócios, o que parece um pouco mais objetivo.
O sistema já ou também pelo teste de fechamentos mensais, trimestrais e anuais de resultados com zero problemas, atrasos ou ajustes de contabilidade, aponta a Huawei.
Uma das vantagens de ser fornecedor e cliente de uma vez só é que as notas de divulgação podem ser realmente positivas, e, no caso da Huawei, inclusive com referências históricas de alto impacto.
O anúncio do novo ERP foi feito em um evento chamado “Heróis lutando para atravessar o rio Dadu”.
Para quem não conhece o Dadu, ele fica no meio da China e ficou famoso por um incidente durante a Longa Marcha, quando 22 integrantes do Exército Vermelho tomaram uma antiga ponte de suspensão (na foto da matéria) sob pesado fogo inimigo.
A batalha é tida hoje como um momento pivotal da guerra civil na China, que levou à instalação do regime comunista que controla o país até hoje.