
Mark Zuckerberg.
A Meta, dona do Facebook, Instagram e Whatsapp, deve demitir cerca de 5% de seus funcionários neste ano, visando substituir os mesmos por novas contratações.
Em um memorando interno, a empresa fala que o critério será “desempenho”. A medida deve afetar 3,6 mil profissionais em todo o mundo.
“Decidi elevar o nível da gestão e remover os funcionários de baixo desempenho mais rapidamente”, disse o CEO Mark Zuckerberg no memorando.
Até então, a empresa “istrava” os funcionários com desempenho considerado baixo por um ano, e a ideia agora é acelerar o processo.
Segundo outros documentos internos vistos pela Business Insider, os gerentes da Meta devem identificar um total de entre 12% e 15% dos funcionários com baixa performance.
Uma parte deles será demitida imediatamente e outra parte ficará sob supervisão. Tudo deve estar concluído até fevereiro.
A prática de demitir uma porcentagem fixa de funcionários data do tempo do guru da gestão da Jack Welch no seu período como CEO na GE, nos anos 80 e 90.
Welch foi conhecido por sua abordagem agressiva, que incluía a famosa "Regra dos 20-70-10" (ou stack ranking), onde os 20% melhores desempenhos eram recompensados, os 70% medianos eram mantidos e incentivados a melhorar, e os 10% de pior desempenho eram demitidos.
No setor de tecnologia, a Amazon é uma das usuárias do sistema. A Microsoft, por outro lado, teria deixado a prática de lado já em 2013.
Críticos do sistema afirmam que o sistema joga os funcionários uns contra os outros, o que seria prejudicial para a inovação e trabalho em equipe, além de poder dar lugar a tratamento discriminatório.
A nota da Meta não chega a dar detalhes sobre o que constitui “desempenho” na prática, o que é normal: o assunto certamente consome páginas e páginas de documentação da área de recursos humanos.
Mas muitas vezes, para entender o que acontece numa empresa pode ser mais útil ver o que pensa o dono do que o que pensa o RH, cujo trabalho afinal é encontrar a forma de implementar a visão do comando.
Zuckerberg tem dado abundantes amostras recentemente que quer um novo rumo para a Meta, o que pode ser atribuído em parte como uma adaptação ao novo clima social simbolizado pela vitória de Donald Trump, mas também novas convicções pessoais do empreendedor, um sujeito de apenas 40 anos que ou pelo menos 20 sob intenso escrutínio público.
Recentemente, a Meta introduziu mudanças muito comentadas como o fim do uso de serviços de checagem de fatos (pelo menos nos Estados Unidos em um primeiro momento) e o fim das ações de diversidade, com o fim da área de DEI.
A primeira decisão foi acompanhada de um pedido público de apoio de Trump nas brigas da Meta com a União Europeia, China e também, ainda que indiretamente, com o Brasil. O fechamento da área de DEI também se alinha com o zeitgeist trumpista.
Numa participação recentemente no popular podcast The Joe Rogan Experience (Rogan foi ele mesmo um apoiador de Trump na eleição, ainda que na reta final), Zuckerberg deu outras pistas do que a pela cabeça dele.
“Acho que a energia masculina é boa e, obviamente, a sociedade tem muito disso, mas acho que a cultura corporativa estava realmente tentando se afastar dela”, disse Zuckerburg. “Acho que a cultura corporativa estava se transformando em uma coisa um pouco mais castrada”, disse o CEO da Meta.
Zuckerberg disse ainda que seria bom que a liderança corporativa “incentivasse um pouco mais a agressividade”.
O CEO da Meta parece ter levado parte dessa visão para sua vida pessoal, tendo se tornado nos últimos anos um adepto do jiu-jitsu e tendo chamado Dana White, CEO da UFC, a maior organização de MMA do mundo, para integrar o seu conselho de istração.
Novamente, é difícil separar onde começa uma coisa e termina outra, tendo em conta que White é um amigo pessoal de Donald Trump, que aliás costuma visitar lutas de MMA com alguma frequência, sendo normalmente ovacionado pelo público.