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Hugh Herr e suas pernas biomecânicas. Foto: NPR.
Steve Austin era um astronauta que sofreu um acidente pilotando um avião experimental. Por isso, foi reconstruído por uma cirurgia experimental que custou US$ 6 milhões e o deixou com um braço, pernas e um olho biônico.
Hugh Herr sofreu um acidente escalando uma montanha, ou três dias perdido vagando em temperaturas abaixo de zero e acabou tendo as duas pernas amputadas abaixo do joelho. Hoje, ele tem duas pernas biomecatrônicas.
As pernas, que tem software, doze sensores e três processadores embutidos, além de baterias, permitem que Hugh ande sem os trejeitos das velhas pernas de pau. Elas custaram US$ 70 mil cada uma, mais US$ 50 milhões em pesquisa e desenvolvimento.
Além de mais caras que o equipamento usado por Steve Austin, as pernas de Hugh Herr tem outra grande diferença: elas existem no mundo real e não em um seriado de TV dos anos 70.
Herr é o diretor do grupo de Biomecânica do MIT e CEO da BioM, uma empresa especializada em pernas mecânicas de alta tecnologia que já tem 800 clientes nos Estados Unidos, a metade deles veteranos das guerras do Iraque e Afeganistão.
Durante os conflitos da última década, mais de 1,5 mil soltados americanos tiveram membros amputados. Eles são minoria em comparação às amputações causadas por diabetes ou acidentes como o sofrido por Herr, mas contribuíram para a visibilidade do assunto nos Estados Unidos nos últimos anos.
O custo de tratar os soldados feridos deve chegar a US$ 8 bilhões por ano em 2020, segundo estimativa do departamento de orçamento do Congresso americano.
Apesar das suas próteses serem mais caras do que o equipamento disponível, mesmo quando chegar a fase da produção em massa, elas serão um bom negócio no longo prazo para o governo e as seguradoras, garante Herr.
Como as pernas biomecânicas da BioM tem software embarcado capaz de registrar os padrões de movimento do usuário, além de baterias que propulsionam o movimento como o músculo do tornozelo faria, elas permitem que os pacientes tenham uma vida mais próxima do normal.
“Isso significa uma vida mais plena, menos custos com remédios e tratamento, além de usuários que estão levando uma vida produtiva, trabalhando e pagando impostos”, explica Herr, que esteve no SolidWorks World em San Diego como um dos keynotes.
O avanço de tecnologias como as criadas pela empresa de Herr colocam inclusive questões éticas sobre quando seria melhor ter um membro biomecatrônico, do que, por exemplo, fazer dezenas de operações ao longo de anos para corrigir problemas de nascimento.
Algumas das tecnologias que a BioM trabalha nesse momento, inclusive, se destinam a pessoas normais, sem problemas de locomoção. Um exemplo é um exoesqueleto para corredores, que poderia absorver todo o impacto do exercício, sem perda dos benefícios da atividade física para o cliente.
Em breve, em um calçadão perto de você.
* Maurício Renner cobre o SolidWorks World em San Diego a convite da SolidWorks.