
Marina Silva. Foto: Divulgação.
Você já se perguntou por onde anda Marina Silva? Nesta terça-feira, 14, a resposta foi Porto Alegre, onde a ex-ministra do Meio Ambiente e ex-candidata presidencial esteve palestrando em um evento para convidados da Fundação Dom Cabral.
Inevitavelmente, a apresentação era sobre a “importância do líder na sustentabilidade das organizações”, mas aqueles entre nós com um pouco mais de gosto pelo sangue esperávamos opiniões sobre os primeiros seis meses do segundo governo Dilma Rousseff (PT).
Afinal, Marina Silva foi alvo de uma das maiores campanhas de desconstrução já vistas na política brasileira, tendo sido acusada por Dilma entre outras coisas de: 1. Querer entregar a economia para o Itaú. 2. Ter uma política econômica de alta de juros, recessão e retirada de direitos trabalhistas e 3. Não ter apoio do Congresso e, por tanto, ser uma candidata a não terminar seu mandato.
ados seis meses, a presidente eleita Dilma: 1. Nomeou um ex-executivo do Bradesco para a Fazenda. 2. Lidera uma política econômica de alta dos juros, recessão e retirada de direitos trabalhistas e 3. Perde votações importantes no Congresso por falta de apoio, amarga uma aprovação de 9% e é alvo de rumores crescentes de impeachment.
Marina não entrou diretamente no assunto. Antes, estabeleceu um preâmbulo dizendo que não falaria de sustentabilidade desde uma posição de catedrática, baseada em “postulados denotativos de certo e errado”, mas sim de sua experiência pessoal, o que é uma maneira bastante acadêmica de se declarar um não acadêmico, e, provavelmente, encapsula um pouco a personalidade da líder da Rede.
E assim seguiram as coisas, com citações epistemólogo suíço Jean Piaget, ao filósofo italiano Nicolau Maquiavel, à filósofa alemã Hannah Arendt e ao músico brasileiro Caetano Veloso até que Marina chegou ao tema “sustentabilidade política” e fez algumas colocações mais fortes.
“Dilma disse que a inflação era uma 'marolinha' para fazer uma lambança em 2009. Não dá para arriscar o futuro de um país para vencer uma eleição”, fulminou Marina, provavelmente confundindo a “marolinha” de Lula com as promessas de sustentabilidade do modelo econômico de Dilma, mas vocês pegam o espírito.
Dentro da sua linha de campanha, Marina também criticou a “polarização” e as tentativas de identificar conquistas oferecidas pela “sustentabilidade politica” como o controle da inflação e a inclusão social aos presidentes sob os quais elas aconteceram, como Fernando Henrique Cardoso e Lula.
“A fulanização da política é um problema insustentável. Leva a políticas de curto prazo visando alongar o prazo de políticos”, avaliou Marina.
O que isso quer dizer, a essa altura do campeonato? Difícil saber. Hoje, parece que já faz muito mais do que um ano desde que o falecimento repentino de Eduardo Campos (PSB) levou sua candidata a vice Marina Silva a disparar nas pesquisas, encostando em determinado momento de agosto em Dilma Rousseff.
No final das contas, a disputa seguiu tão polarizada entre PT e PSDB como sempre e Marina encerrou com 21% dos votos apenas três pontos percentuais acima do seu desempenho na eleição, quando, desastres aeronáuticos à parte, a história foi mais ou menos a mesma.
Marina tem uma longa estrada pela frente com a Rede Sustentabilidade. O partido foi finalmente aprovado em maio, apresentando as 492 mil exigidas pela lei.
A expectativa dos dirigentes da sigla é atrair três deputados federais e um senador. Segundo levantamento do Estadão, a Rede terá direito a verbas do fundo partidário na faixa de R$ 1,3 milhão para gastar em 2015, similares aos recebidos pelo Partido da Causa Operária (PCO).
Com quatro deputados em sua bancada, o PSOL contará com R$ 15 milhões. Já PT e PMDB terão direito a R$ 108 milhões e R$ 89 milhões, respectivamente.
Nas campanhas municipais de 2016, o partido de Marina contará com um tempo exíguo, já que 89% do espaço será dividido conforme o tamanho das bancadas eleitas em 2014. O restante será dividido entre todos os partidos.
A falta de poderio econômico não será compensado com uma militância forte. A Rede tem 5,7 mil filiados, uma fração dos 104 mil do PSOL, por exemplo.