
Um ganhador leva a nuvem da Procergs. Foto: Pexels.
A Datacentrics, uma empresa de Porto Alegre, ganhou o pregão feito pela Procergs, estatal de TI do Rio Grande do Sul, para fornecer serviços de computação em nuvem para outras estatais estaduais em todo o país.
Depois do cancelamento do primeiro pregão, realizado em julho, a nova edição teve mais competição, mas o mesmo resultado. A Datacentrics levou os dois lotes nos quais estava dividida a licitação, por um valor total de R$ 224,98 milhões (22% menos do que o valor do primeiro pregão).
No lote 1, que incluía serviços em nuvens Oracle, Huawei Cloud e AWS, a Datacentrics venceu com uma oferta de R$ 124,99 milhões após 25 rodadas, depois de disputa acirrada com a AX4B. Outras duas empresas, Extreme Digital e IPNet, desistiram na quinta rodada.
Já no lote 2 previa o fornecimento de computação em nuvem exclusivamente em infraestrutura de nuvem da Oracle e foi vencido pela Datacentrics com uma oferta de R$ 99,99 milhões. O concorrente foi somente a LTA-RH. As duas disputaram ao longo de 21 lances.
A paulista AX4B e a gaúcha LTA-RH tiveram uma participação importante também no primeiro edital. A AX4B venceu o lote 1, com uma oferta de R$ 158 milhões e a LTA-RH levou o lote 2, com uma proposta de R$ 123,7 milhões.
Em agosto, no entanto, as ganhadoras foram desabilitadas por falhas na documentação.
A Procergs declarou então como vencedora outra empresa gaúcha, a Datacentrics, que havia feito uma oferta conjunta de R$ 289 milhões para ambos os lotes.
Antes mesmo do pregão, Global Web, Innuvem, Brasoftware, Claro e Oi já haviam pedido a impugnação do edital. O Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul apontou irregularidades e pediu alterações.
A Procergs então optou por anular tudo e fazer um novo edital. Críticos apontam que a estatal gaúcha mudou muito pouco na nova disputa, mantendo por exemplo os preços estipulados no primeiro, o que constava na lista de alterações do TCE.
Os dois editais da Procergs são baseados em uma licitação feita pelo Ministério da Economia, cujo pregão aconteceu em 2021. Os preços não foram corrigidos e a Procergs também ampliou o escopo.
A Claro pediu impugnação do segundo edital no dia 19 de setembro. Google Cloud, EDS, Global Web entraram com pedidos semelhantes no final do dia 21 de setembro.
A documentação da Datacentrics está sendo analisada pela Procergs. A Datacentrics é uma empresa de médio porte, como já eram também a AX4B e a LTA-RH.
Entre as que ficaram de fora estão algumas das maiores do país no segmento de integração de tecnologia para o setor público, e outras com grande foco em nuvem.
CONTEXTO
O edital da Procergs foi organizado por meio da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Tecnologia da Informação e Comunicação (ABEP).
A Procergs foi escolhida para liderar a parte licitatória, provavelmente pelo seu histórico de prover serviços para além do seu grupo de clientes original, composto pelo governo do Rio Grande do Sul e estatais ligadas a ele.
A estatal ofereceu por muitos anos hospedagem de sistemas nos seus próprios data centers em modelo hosting para prefeituras do Rio Grande do Sul. Em 2008, a Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul fechou um acordo para fazer o processamento das notas fiscais eletrônicas de Santa Catarina, Alagoas, Piauí e Paraíba, com infraestrutura da Procergs.
Dessa vez, no entanto, a iniciativa era bem mais ambiciosa, envolvendo 11 estatais, 10 estaduais e uma municipal: Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar), Centro de Informática e Automação de Santa Catarina (CIASC), Companhia de Processamento de Dados da Paraíba (Codata), Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Empresa Matogrossense de TI (MTI), Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre (Procempa), Companhia de Processamento de Dados do Amazonas (Prodam), Companhia de TI de Minas Gerais (Prodemge), Centro de Gestão de TI do Amapá (Prodap) e Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Inovação de Goiás (SEDI/GO).