FUTURO

SAP lança co-piloto com IA 3m5q6t

Joule é uma tacada da gigante para redefinir como os clientes usam seus produtos. 2r5l3y

27 de setembro de 2023 - 04:39
Christian Klein, CEO da SAP. Foto: Divulgação

Christian Klein, CEO da SAP. Foto: Divulgação

A SAP acaba de lançar o Joule, seu assistente virtual baseado em inteligência artificial generativa, ou, como está na moda falar, seu “co-piloto de IA”.

Como outros assistentes do tipo, o Joule permite ao usuário interagir com os sistemas com linguagem natural, usando uma janela de chat.

Essa forma de interação é a tendência do momento, mas o caso da SAP é especial pelo tipo de cliente da empresa e de informações envolvidas na operação do Joule, que demandam uma grande complexidade nos bastidores.

A promessa do Joule (uma unidade usada na física para medir energia mecânica, se você está se perguntando) é apresentar informações oriundas dos sistemas de gestão da SAP e fontes, mas também permitir a execução de tarefas, se movimentando entre sistemas no background de maneira transparente para o usuário.

No exemplo mostrado pela SAP na apresentação do Joule, nesta terça-feira, 26, um cliente de varejo pesquisava sobre a localização de uma nova loja na Suíça. Depois, deixava a IA criar uma descrição de vaga por meio de perfis já existentes, aprovar e publicar a mesma.

Esse é um exemplo relativamente simples, mas tendo em conta que a SAP atua em 24 verticais de mercado, oferecendo sistema de gestão e uma quantidade crescente de sistemas específicos para linhas de negócio para clientes de grande porte, a quantidade de casos de uso é enorme.

“O Joule tem potencial para redefinir a forma como trabalham as empresas”, afirma Christian Klein, CEO da SAP.

CEOs de grandes empresas de tecnologia adoram fazer afirmações desse tipo, mas a verdade é que a interação dos usuários com a maioria dos sistemas empresariais não mudou muito nas últimas décadas: inserir dados em casinhas e ar de um menu para outro.

Outro sinalizador da complexidade do que a SAP está fazendo é a quantidade de parceiros de tecnologia por trás. Um grupo que inclui diversos players em alta no nicho de AI generativa, como a Aleph Alpha, Anthropic e Cohere, nas quais a SAP já investiu (a Anthropic levantou depois outra bolada da AWS).

O ecossistema inclui também AWS, IBM e Microsoft, players relevantes de nuvem com suas próprias soluções de AI e empresas novas especialistas na análise e governança de grandes volumes de dados, como Databricks e Datarobot (e outras, das quais nós já falamos aqui).

A SAP faz mistério sobre a quantidade de aplicações do Joule, falando apenas em aplicações da SAP, de RH e finanças a cadeia de suprimentos, compras e experiência do cliente, além da sua plataforma de tecnologia.

A novidade deve estar disponível para a solução de gestão de RH SuccessFactors e para o SAP Start, um produto de monitoramento de sistemas, instâncias e processos, já em novembro deste ano.

Para os clientes rodando o S/4 Hana na nuvem pública, a novidade deve chegar no início do próximo ano. 

As soluções SAP Customer Experience e SAP Ariba, bem como a SAP Business Technology Platform, serão as próximas, com detalhes a serem anunciados em eventos em outubro e novembro.

A pergunta que ainda está em aberto é quanto a coisa toda vai custar, o tipo de informação que grandes empresas de TI não gostam de sair falando.

Dominik Asam, CFO da SAP, falou numa entrevista recentemente em “versões com grande uso de AI”. De acordo com o Handelsblatt, o maior jornal de economia da Alemanha e uma das melhores fontes sobre a SAP, esse valor extra deve ficar na casa dos 30%.

O potencial existe. A SAP não começou a trabalhar com IA ontem. De acordo com a empresa, já existem 130 casos de uso específicos da tecnologia na base dos clientes, dos quais nada menos que 25 mil autorizaram o uso de seus dados para o treinamento do Joule.

“Ninguém tem esse volume de dados sobre negócios, nem a capacidade de usar dados em tempo real que a SAP tem”, avalia Thomas Saueressig, head de Engenharia de Produto da multinacional alemã, responsável pelas aplicações de negócios da empresa.

Saueressig vê o uso de assistentes virtuais como o Joule em aplicações de negócios como a culminação de um processo iniciado pela Internet, a computação em nuvem e, mais recentemente, do boom em torno da inteligência artificial generativa.

Apesar da SAP não ser um player determinante nessas tendências, ela tem na mão o contexto na qual elas podem ser aplicadas. No caso da IA, isso significa entender as regras e processos de negócios dos clientes e como eles podem ser acelerados ou modificados.

Se o Joule tem uma pegadinha para o cliente, é o fato de que ele só pode ser entregue em processos rodando na nuvem pública, o que deixa de fora uma quantidade importante de clientes, incluindo muitas grandes organizações.

De acordo com a SAP, é impossível entregar a qualidade de informações necessárias e fazer a integração dos sistemas em outros ambientes, como clouds privadas ou rodando on premise. 

O que pode parecer uma limitação é na verdade uma vantagem para a SAP, pelo menos a médio prazo. 

Desde o lançamento do S/4, a SAP vem ando trabalho para convencer alguns dos seus maiores clientes a migrarem para o novo produto, de preferência rodando na nuvem.

Ao longo do caminho, a SAP já anunciou a prorrogação do e do ECC, a versão anterior do ERP, ao mesmo tempo em que aposta em incentivos para a migração como o Rise With SAP, um programa lançado em 2021 com a ideia de simplificar o processo todo.

Muitos clientes, porém, são receosos de abandonar um ERP customizado ao longo de anos rodando na sua própria estrutura para entrar no mundo cloud. 

De acordo com dados do Gartner divulgados em julho do ano ado, 70% dos clientes ainda estavam no ECC, cujo e normal termina em 2027.

Tendo tudo isso em conta, a SAP estava precisando de um argumento matador e, quem sabe, achou um com o nome Joule.

*Maurício Renner viajou para Walldorf, na Alemanha, a convite da SAP.

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