
Foto: divulgação | Ivan Andrade
O Brasil só crescerá com consistência se aumentar investimento em infraestrutura e permitir a privatização de vários setores. A opinião é do economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, articulista dos jornais Folha de S. Paulo e Valor Econômico e sócio da Quest Investimentos.
Em reunião-almoço, promovido pela Federasul e o Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF-RS), o ex-ministro das Comunicações (governo Fernando Henrique Cardoso) fez uma análise econômica da última década e colocou suas perspectivas para 2020.
Para Mendonça de Barros até 2020 o país deve crescer 3% na média. “As classes D e E, que não têm trabalho formal, eram de 60% da população em 2002. Hoje inverteu, com 40%. Até 2020 teremos 72% da população nas classes A, B e C e só 28% da população na classe D e E”, prevê otimista.
O economista avaliou a economia dos últimos 16 anos pelas fases que atravessaram os três últimos presidentes. “Analiso Fernando Henrique Cardoso e Lula como um todo. A terceira fase é a herança que Dilma recebe deles. Acredito que uma série de forças impedem a continuidade, pois há um esgotamento dos modelos criados no período FHC e Lula onde o crescimento era baseado no consumo”, diz.
Conforme os números apresentados pelo palestrante, 16% do PIB brasileiro se direciona ao consumo – mesma fatia dos Estados Unidos – e o brasileiro “está com a corda no pescoço”. Com este índice no “talo”, ele afirma que o crescimento precisa acontecer por investimentos do governo.
“Como fazer isso? Com a redução de impostos e o governo permitindo que setor privado entre em todas as áreas. É incompatível um crescimento maior com as atuais taxas, que inibem os empresários”, explica.
Segundo o economista, só um grande programa de investimentos em infraestrutura e a privatização de estradas, por exemplo, é que o Brasil poderá crescer além das projeções. Em 1998, quando então ministro, ele comandou a privatização da Telebrás, que arrecadou R$ 22 bilhões. Foi também acusado – e posteriormente absolvido – de improbidade istrativa por supostamente favorecer algumas empresas no leilão.
“O problema é que Dilma não consegue sair do labirinto da crítica à privatização, é uma armadilha política, um assunto delicado para o PT, mas tem que fazer”, diz.
Mendonça de Barros também acredita que questões da cultura do brasileiro e de comportamento da nova geração influenciam no consumo desenfreado. “Não é possível comparar o Brasil com a China no sentido de expansão econômica. Para crescermos no nível deles temos que trocar o povo”, brinca.