
Emerson Vitalino, durante protesto na Paulista.
Emerson Vitalino, desenvolvedor de software que se tornou conhecido pela participação nos protestos na avenida Paulista no dia 31 de maio, não foi demitido da Softtek. Ele pediu para sair.
É o que afirma a multinacional mexicana, que soltou uma nota oficial sobre o tema nesta terça-feira, 9.
De acordo com a Softtek, Vitalino foi contratado da Softtek entre os dias 1° e 31 de maio, atuando por meio de uma empresa individual.
A partir do dia 1º de junho, a empresa teria oferecido para Vitalino um “contrato baseado em entregas sob demanda, um modelo muito comum no setor de serviços de tecnologia”, que teria sido negado pelo profissional, levando ao fim das relações.
A empresa se disse “surpreendida” com uma matéria do UOL no domingo, 7, no qual Vitalino se disse demitido por “perseguição política”.
Vitalino, que é integrante da diretoria da Gaviões da Fiel, uma torcida organizada do Corinthians, esteve entre os integrantes de um protesto “pró-democracia”, que acabou entrando em conflito com manifestantes pró-Bolsonaro.
Durante o ato, no domingo, 31, Vitalino aparece em imagens com o punho erguido em frente a apoiadores do presidente Bolsonaro. As imagens de Vitalino rodaram o país.
A matéria do UOL repercutiu em diversos veículos de comunicação, incluindo o Baguete, e acabou se espalhando nas redes sociais.
Guilherme Boulos, candidato a presidente pelo PSOL nas últimas eleições, compartilhou a notícia do UOL no Facebook e Twitter, atingindo quase 2 milhões de seguidores, afirmando que a demissão era um “absurdo” e que a Softtek deveria ser “exposta e responsabilizada”.
Felipe Neto, youtuber com 11,8 milhões de seguidores no Twitter, compartilhou a notícia, pedindo por empresas interessadas em contratar o Vitalino, o que parece que já aconteceu.
“O Comitê de Ética da Softtek não encontrou irregularidades na alteração dos termos do contrato entre as partes e atualmente está conduzindo uma investigação para apurar o relatado na reportagem bem como qualquer possível violação de seu Código de Ética”, afirma a companhia em nota.
A Softtek afirma que “condena energicamente” qualquer ação de intolerância ou preconceito que se relacione a “raças, gênero ou preferências políticas” e que “respeita e apoia” todas as reivindicações pacíficas que ocorrem atualmente em todo o mundo “contra o racismo, a brutalidade policial e o fascismo”.
A situação atravessada pela Softtek mostra uma faceta em alta do movimento contra o governo Bolsonaro, que tem usado a pressão contra empresas como uma forma de fazer política.
Talvez o caso mais notório até agora seja o perfil do Twitter Sleeping Giants, que vem conduzindo uma campanha de pressão para que marcas deixem de anunciar em sites classificados pelos organizadores como de divulgação de fake news.
Desde a fundação, no dia 18 de maio, o Sleeping Giants já conseguiu fazer 130 marcas retirarem campanhas feitas por meio de plataformas de marketing digitais de diferentes sites.
Entre as companhias que cederam às demandas da conta, atualmente com mais 358 mil seguidores no Twitter, estão nomes como Adidas, Carrefour, LATAM, Samsung e Santander.
No final de semana, o Sleeping Giants pressionou diferentes marcas de propriedade ou com investimentos do empresário Carlos Wizard, incluindo Number One Inglês, Topper, Rainha do Brasil, KFC, Pizza Hut, Taco Bell e Mundo Verde, pedindo um “posicionamento” sobre declarações dadas por Wizard e exortando as marcas a “repudiar” os mesmos.
Wizard, que estava cotado para assumir a secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, disse recentemente que o governo faria recontagem de mortos pela Covid-19, por suspeitas de que os números estariam sendo inflados pelos estados visando obter mais verbas.
Com a repercussão negativa das declarações, provavelmente agravada pela pressão direta do Sleeping Giants, Wizard acabou desistindo de assumir a secretaria.