
Devo, não nego, pago quando puder. Foto: Depositphotos.
A Americanas tem uma dívida de ao redor de R$ 26 milhões com fornecedores de software empresarial, computação em nuvem e data center, com a SAP puxando a fila com um papagaio de R$ 8,49 milhões.
Logo depois, vem a IBM, com uma dívida de R$ 5 milhões; a Oracle, com R$ 3,4 milhões; o Google Cloud, com R$ 2,65 milhões; a UOL Diveo, com R$ 2,4 milhões; a Scala Datacenters, com R$ 1,8 milhão; a Microsoft, com R$ 1,5 milhão e a Meta, com R$ 1,4 milhão.
Vale destacar que esses fornecedores, escolhidos pelo Baguete por representar o nicho de cobertura do site, são só uma gotinha em um oceano de R$ 43 bilhões devidos para 7.967 credores diferentes.
As cifras foram divulgadas pela própria Americanas, como parte do processo de recuperação judicial da empresa, na qual a negociação de dívidas é um aspecto chave.
Olhando de uma maneira um pouco mais ampla, incluindo empresas de telecomunicações, eletrônicos em geral e celulares em especial, as dívidas ficam na casa dos R$ 2,2 bilhões.
Entre as operadoras de telecom, o grupo América Móvil, com Claro, Embratel, HITSS e Telmex, foi o mais atingido, com dívidas totais de R$ 25,6 milhões. Na a Telefônica/Vivo o valor é de R$ 8,8 milhões. A TIM tem um valor de R$ 48 mil, o famoso “peanuts”.
Por uma curiosidade do mundo corporativo, a Oi, ela mesma protagonista de uma grande recuperação judicial, é credora de apenas R$ 200 na Americanas (uma curiosidade dupla é que a CFO que fez a recuperação da operadora começa em poucos dias na varejista).
(A reportagem do Baguete não é entendida desses temas, mas deixa aqui uma proposta: um representante da Oi poderia simplesmente pegar R$ 200 em balinhas de menta na Americanas e deixar o dinheiro para lá).
As cifras ficam realmente pesadas entre os fornecedores de equipamentos. Quem levou o pior toco foi a Samsung, com uma dívida de R$ 1,2 bilhão.
O valor fica no mesmo nível dos montantes devidos pela Americanas aos bancos, cuja contabilização "inconsistente", para usar o termo eufemístico da varejista, é responsável por desencadear toda a crise que vive a empresa.
A lista dos fornecedores de equipamentos inclui todo mundo: para a Motorola Mobility, segunda maior fabricante de celulares no Brasil, a Americanas deve R$ 160,8 milhões.
A lista segue com empresas como a Philco (dívidas de R$ 197,3 milhões), Sony (R$ 55,8 milhões) ou LG (R$ 52,8 milhões). Os fabricantes de PCs também foram bastante atingidos: grupo Positivo (R$ 56,2 milhões), Dell (R$ 36,8 milhões) ou Lenovo (R$ 31 milhões).
A Americanas publicou apenas listas com nomes e valores, sem especificações sobre os serviços ou produtos entregues pelos fornecedores. No caso de empresas como a SAP ou a Oracle, que normalmente trabalham com parceiros, a dívida pode acabar respingando mais adiante.
O assunto "para quem eu estou devendo" parece simples, mas nada é simples na situação das Americanas.
O site Brazil Journal revelou que alguns bancos listados como credores na verdade não o são.
É o caso do Deutsche Bank, o líder no ranking dos credores, com R$ 5,2 bilhões.
O banco alemão já veio a público dizer que é apenas um intermediário na compra de títulos de dívida da Americanas no exterior, o que quer dizer que o pepino não é do Deutsche Bank, mas dos clientes finais.
Já o Banco BV, que aparece na lista com R$ 3,3 bilhões em haver, já disse que a dívida da Americanas com a instituição é de menos de 10% disso.
Os bancos foram ligeiros em se comunicar, porque para eles é mau negócio aparecer como credores da Americanas, uma empresa que ninguém sabe no momento se, ou quando, pagará o que deve.
Os fornecedores de equipamentos podem ser outros a contestar números, afinal, eles entregaram produtos que eventualmente foram vendidos, ou estão em estoque e podem ser recuperados.
No caso das empresas de tecnologia, o mais provável é que elas prefiram ficar quietas, na expectativa de eventualmente cobrar alguma coisa.