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Celso Pansera discursando em ato pró-Dilma. Foto: MCTI.
O ministro de Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, foi exonerado do cargo para reforçar os votos contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A decisão foi oficializada nesta quinta-feira, 14, no Diário Oficial da União. Além de Pansera, saíram os ministros Marcelo Castro (Saúde) e Mauro Lopes (Aviação Civil), também do PMDB, e Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário), do PT.
A votação do impeachment na Câmara de Deputados em Brasília está prevista para este domingo, 17. Para o processo seguir para o Senado, são necessários dois terços dos votos, ou seja, 342 deputados.
O governo precisa de 171 votos contrários ou abstenções, motivo pelo qual cada voto conta. Tanto os últimos levantamentos da governo quanto os da oposição apontaram maiorias a favor do impeachment.
A oposição fala em 349 votos a favor, suficientes para aprovar o impeachment, 127 contrários e e 37 indecisos. O governo fala em 310 a favor, 145 contra e 58 indecisos, grupo que está sendo ativamente cortejado pelo ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.
Pansera tem sido um dos defensores mais ativos da permanência no governo dentro do PMDB. Durante participação em um ato em defesa de Dilma em Brasília nesta terça-feira, 12, o ministro de Ciência e Tecnologia fez um discurso duro de defesa da presidente.
"Vamos ganhar de novo, e espero que desta vez respeitem o resultado", afirmou Pansera, que concluiu sua manifestação com o slogan “não arão", usado por militantes de esquerda para se referir a uma suposta orientação fascista dos defensores do impeachment.
Os ecos de La Pasionária (líder comunista espanhola criadora do slogan “no pasarán” durante a Guerra Civil no país) podem ter a ver com o ado de Pansera, dono de uma trajetória ideológica intrincada.
O ministro está no PMDB há apenas três anos. Antes, foi filiado ao PT, partido que deixou em 1992 para ser um dos fundadores do PSTU, do qual saiu em 2001.
Uma interpretação mais cínica pode ser encontrada nos prospectos de emprego de Pansera em um futuro governo do vice presidente Michel Temer.
Residente em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Pansera tem um restaurante na cidade, o Barganha, e é um deputado federal em primeiro mandato.
Sua experiência na área de ciência e tecnologia é ter sido presidente da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), vinculada à secretaria de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro. Pansera entrou na Faetec em 2009 como diretor e chegou e assumiu o comando em 2009.
O político pegou a vaga de ministro de Ciência e Tecnologia por pouco: era o terceiro cotado para o cargo, assumindo pelo desinteresse dos primeiros da lista.
O futuro ministério Temer já vem sendo discutido. O sonho do vice seria um gabinete composto de nomes fortes como José Serra (PSDB), para a Saúde, e Armínio Fraga, para a Fazenda. Parece que não haveria espaço para Pansera.