
Bertrand Sicot, CEO da SolidWorks, durante apresentação em São Paulo.
A SolidWorks vai lançar em 2013 um novo software de CAD 3D baseado no kernel CGM, da sua dona Dassault Systemes, e focado inicialmente em design mecânico conceitual.
O novo produto, no qual a multinacional vem trabalhando há pelo menos dois anos, ainda não tem nome e será complementar ao SolidWorks atualmente vendido, que é baseado no kernel Parasolid, da concorrente Siemens e mais aderente às fases posteriores aos desenho inicial.
As revelações foram feitas pelo CEO da SolidWorks, Bertrand Sicot, que esteve em São Paulo nesta quarta-feira, 31, para a apresentação das novidades da versão 2013 do software.
“É importante frisar que o Solidworks que nós conhecemos hoje seguirá recebendo atualizações e e ao contrário do que dizem muitos concorrentes”, afirmou Sicot.
A afirmação é uma menção indireta do executivo francês a concorrentes como a Siemens PLM e PTC, que tem aproveitado a incerteza quanto ao futuro do software da concorrente para tentar converter a base de clientes da SolidWorks.
“Como líderes de mercado, nós temos que nos esforçar por estar sempre à frente. Todo essa conversa sobre a morte do SolidWorks é bullshit”, disse Sicot, fazendo uso da expressão americana que costuma ser traduzida candidamente como “bobagem” nos filmes da Sessão da Tarde.
O executivo enfatizou o poder econômico da Solidworks para manter o desenvolvimento paralelo dos dois softwares. A empresa faturou US$ 474,6 milhões em 2011 e já cresceu 12% nos primeiros três trimestres de 2012, chegando a US$ 384 milhões.
E o que será, afinal, esse novo software que causa tanto agito no mundo do CAD? De acordo com o pouco que Sicot entregou, será uma solução que terá a capacidade de aprender e moldar-se ao uso de cada usuário, exibindo funcionalidades na tela de acordo com o uso anterior.
O novo software terá ênfase em colaboração, proporcionando às equipes envolvidas na fase inicial do desenho de um novo produto trocar ideias com facilidade, garante Sicot.
A orientação estratégica e o tipo de trabalho a ser feito com o software parece clamar por um modelo de venda na nuvem, mas, de acordo com o CEO da SolidWorks, não está definido ainda qual será o modelo de negócio.
Sicot afirma que o lançamento do ano que vem é apenas um módulo sobre o qual serão acrescentados novidades no futuro, ainda que o executivo não revele quais podem ser elas.
Apesar da ênfase na complementaridade da nova solução e ao compromisso de lançar novas versões do SolidWorks, é impossível não notar que faria sentido para Dassault no longo prazo concentrar as fichas no lançamento, deixando de pagar royalties para a concorrente Siemens a cada venda do SolidWorks.
O uso do mesmo kernel do Catia também permitiria uma maior integração com ferramentas high end dos ses para design e gestão de ciclo de vida do produto, o que já está sendo feito através da plataforma 3D Experience, à frente da qual a companhia colocou uma executiva especialista em construção de marca oriunda da Procter and Gamble.
Além disso, o kernel Catia é também o coração do futuro Solidworks Live Building, uma solução de CAD orientada ao mercado de arquitetura e construção (AeC, na sigla em inglês), ponto forte da concorrente Autodesk, que também deve ser lançada no ano que vem.
Todo esse agito tem impacto na região Sul do país. A maior revenda da SolidWorks no país, a SKA, com atuação no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo. Sediada em São Leopoldo, a empresa deve fechar o ano com R$ 25 milhões de faturamento.
Na mesma cidade, fica sediada também a Max3D, atuante no mercado gaúcho e paranaense.
A região responde por 36% do faturamento da empresa no país, poucos pontos atrás de São Paulo, com 41%. Alguns dos clientes locais são Weg, Neobus, Marcopolo, Guerra, Amanco, Perto, Stemac e Gerdau.
* Maurício Renner viajou a São Paulo à convite da SolidWorks.