
Celso Pansera não irá reassumir o posto no MCTI. Foto: Antonio Augusto/Agência Câmara.
Celso Pansera, exonerado do cargo de Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação na semana ada para retomar o mandato de deputado federal e votar contra a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, não irá reassumir o posto no MCTI.
Pansera deixou o cargo na semana ada juntamente com Patrus Ananias, do PT, e Marcelo Castro, do PMDB, dos ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Saúde (MS), também contrários ao impeachment.
No entanto, o Diário Oficial da União apenas registrou a recondução ao cargo dos outros dois ministros. Na quarta-feira, 20, o Planalto divulgou uma nota sobre a saída de Pansera.
"A Presidenta da República, Dilma Rousseff, informa que o ministro Celso Pansera deixará, a pedido, o Ministério da Ciência, Tecnologia & Inovação. A Presidenta agradece o ministro pelo seu trabalho e dedicação, e deseja sucesso no seu retorno à Câmara dos Deputados", registra a nota.
Pansera liderou a pasta de tecnologia por pouco mais de seis meses. Pelo Facebook, o ex-ministro não falou sobre a decisão de deixar o MCTI, mas abordou suas ações no retorno à Câmara.
"No meu retorno à Câmara, protocolei o Projeto de Lei 5.036/2016, que obriga os estabelecimentos a comercializarem alimentos a granel em bandejas transparentes. Também retomei os estudos para defender outra bandeira minha que é o fim da obrigatoriedade do serviço militar", relata em post nessa terça-feira, 19.
Segundo o site Gestão CT&I, pode ter pesado na decisão de Pansera o clima e o resultado da votação da abertura do processo de impeachment.
O ex-ministro sofreu com gritos de traidor emitidos por um grupo de deputados oposicionistas e chegou a ser interrompido pelas vaias na hora de anunciar o voto. Pansera foi um dos sete deputados a votar contra a abertura do processo, em um bancada com 57 nomes.
Além disso, com o encaminhamento do processo de impeachment, é difícil acreditar que haveria espaço para Pansera em um governo montado pelo atual vice-presidente Michel Temer, que busca nomes fortes para compor pastas de maior importância e deve agradar aliados com cargos em outros órgãos.
Agora, o MCTI terá que definir um sexto ministro em menos de seis anos de governo da presidente Dilma Rousseff. Quem deve tomar as decisões, de forma provisória, é a secretária executiva Emília Ribeiro. Indicada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ela assumiu o cargo durante a gestão de Aldo Rebelo, em 2015.
A secretária é quem comanda as negociações junto ao governo e ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o empréstimo de R$ 1,4 bilhão, considerado emergencial para cumprir os compromissos do órgão, que recentemente teve retirado R$ 1 bilhão da suas contas.